É incrível
vivermos em um cenário onde a violência e o ódio em todas as suas formas são
pratos comuns no selft service da vida. É também assustador ouvir a cada dia o
uso cada vez mais crescente da expressão adversativa “mas”, quando se trata de
perdoar, ou aceitar o perdão de alguém.
A natureza
pecaminosa tem a cada dia sido endurecida a ponto de não discernirmos mais o
verdadeiro princípio envolvido nos relacionamentos, onde aparece a necessidade
de exercitar o divino dom do perdão.
É comum nos
escondermos atrás de nossa incapacidade de perdoar a nós mesmos e alegar: “Eu
perdôo, “mas”... e vice versa.”
Afinal. O que
é o perdão genuíno? Custa alguma coisa?
Toda expressão
de relacionamento perdoador, seguida do adversativo “mas”, normalmente não é
genuína, não é verdadeira e nem real. Muitos de nós usamos esta estratégia para
apenas ganhar tempo, ou para não ter que abrir mão de algum ganho, visto que se
abdicar do orgulho é contrário à nossa natureza.
O perdão real
nasce de um coração primeiramente transformado pelo poder de Deus e cônscio de
sua própria aceitação do perdão recebido na cruz do calvário.
A suma é:
“Perdoamos, porque somos perdoados”. É daqui que nascem todos os atributos
essenciais fortalecedores da disposição de dar e receber perdão. Isto não é
algo explicável pelo homem finito e frágil, pois é um milagre de Deus.
Nossa natureza
após a queda edênica perdeu a natureza deste milagre, e só a intervenção de
Cristo por meio do poder e obra do Espírito Santo é capaz de nos fazer
compreender este significado importado da cruz do calvário.
Enquanto não
carregarmos em nosso íntimo a experiência da soberana graça perdoadora de Deus,
não estaremos prontos para perdoar, ou receber perdão de verdade.
Pendurado naquela cruz, Jesus
elevou sua sublime voz ao Pai e disse: Perdoai-lhes, porque não sabem o que
fazem! Ele estava dizendo para todo o universo, e especialmente para mim e para
cada pecador, que a realidade do perdão estava e continuaria disponível para
qualquer um, que arrependido estivesse disposto a recebê-lo mediante o
reconhecimento sincero de seu sacrifício.
Então, quanto
custa o perdão? Exatamente a renúncia do “EU”, isto é, do meu egoísmo. Cristo
renunciou a tudo por minha causa, para que o perdão fosse efetivamente pleno.
É isso que me
faz cair em mim mesmo, e reconhecer que errei e que não posso resolver com a
minha justiça a demanda da culpa, e então, devo correr e me prostrar diante do
torno da cruz e do ofendido e derramar meu apelo de perdão.
Todo aquele ou
aquela, que carregar no íntimo a defesa do “orgulho próprio”, não está em
condições de perdoar ou receber perdão.
O perdão não é
um negócio que Deus faz conosco, não é uma chantagem emocional sob qualquer
pretexto, isto só amplia o peso da culpa do ofensor e demonstra minha
hipocrisia.
No perdão
exalta-se a nobreza da demonstração de investimento em um novo começo. Se no
gesto de perdoar não se promover paz, alegria, e leveza do ser aos envolvidos,
algo não funcionou, e não se operou de fato o dom do perdão.
Perdoar é um
gesto da mais alta nobreza, e o perdão não exime o ofensor das consequencias
dos seus atos ofensores, mas lhe garantem a cura das feridas.
Jesus deu
gratuitamente um perdão pleno e absoluto, com o pagamento à vista com seu
próprio sangue, e assim o fazendo deu-nos um cheque em branco como crédito, ou
um cartão de crédito para que gastemos sem temor perdoando o próximo como fomos
perdoados.
Existe tempo
de cura para o ofensor, mas jamais perdão às prestações, e se assim fosse o
ofensor estaria sob um sofrimento tão grande que dificilmente seria
restabelecido no âmbito da confiança e reintegração à harmonia com a fonte da
vida.
Só, e somente
a partir desta compreensão sobre perdão é que começamos a crescer na graça e no
preparo para perdoar de fato.
Em sua jornada
ministerial na terra Jesus centralizou Sua obra em perdoar, salvar, curar e
libertar os aflitos, cansados e oprimidos. Não podemos encontrar nas escrituras
sagradas, um momento sequer, no ministério e obra de Cristo, em que ele estipulasse
qualquer preço ou condição de Sua parte para perdoar alguém sufocado pelo peso
da culpa, isto é, apenas dava a ordem ao pecador que a ele recorria para que
levantasse e não retornasse ao pecado.
Qual era o
resultado? Nem sempre um caído era curado de uma só vez, isto é caia de novo e
Jesus novamente perdoava.
Conhecendo
além do exterior a fraqueza humana, ele sabia que nenhum pecador, por mais vil
que possa ser, ou por melhor que possa parecer ser, não tem a mínima capacidade
em si mesmo de cumprir quaisquer exigências para ser perdoado.
O perdão
verdadeiro ou com letras grandes [PERDÃO] nada exige do réu. Exigência não é
perdão de fato. É conveniência, e quando as conveniências terminam, os
relacionamentos amarelam, murcham secam e morrem. O perdão nascido do amor
verdadeiro deixa o culpado livre para tomar sua decisão.
O culpado que
confessa seus pecados com medo das consequencias ou em função das exigências
que não partem do sincero amor, dificilmente perceberá o amor agindo em sua
restauração.
A única senha
que deve prevalecer em nossos relacionamentos é a senha da sincera confiança.
Não existe senha mais segura do que esta de quatro letras. AMOR.
Que Deus, pelo
ministério e obra do Espírito Santo nos conceda a graça do dom do perdão
incondicional tal como o recebemos na cruz do calvário.
Autor: WWW.voxdesertum.blogspot.com (Robson Silva)